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O Pequeno Lebrel Italiano Ponto de Vista sobre a Raça

O objetivo desta página é disponibilizar às pessoas interessadas informações em português sobre os Greyhounds Italianos. Para ficar mais interessante e fácil de ler, organizamos as informações no formato de perguntas & respostas, que inclui algumas das questões que mais respondemos sobre a raça.

Fonte: página Web do Canil do Reino: www.canildoreino.com.br

Como começou seu interesse pelos galguinhos?

A primeira vez que vi cães da raça Italian Greyhound foi no início de 1981, em exposições de cães em Belo Horizonte. Posso dizer que me causaram uma forte impressão, e ali começou o sonho de criar os galguinhos. Desde aquela época temos estudado a raça, e a cinofilia como um todo, tendo tido a oportunidade de visitar criadores e exposições na América do Norte, Europa, Ásia e América do Sul. O começo da criação foi no ano 2000, com a vinda do Baldo para o Brasil. O registro do Canil do Reino foi feito ainda no ano 2000 e homologado em 2001, portanto o sonho demorou quase 20 anos para ser realizado.

É difícil de acreditar que já se passou o mesmo tempo desde que efetivamente começamos a criação. Nestes quase 20 anos, nos esforçamos para criar cães saudáveis e corretos. Com uma criação de pequeno porte, são até o momento 24 campeões (out/2018, prop., criação, inc. co-), exportamos para os EUA e Itália e de lá nossa linha de sangue seguiu para muitos outros países. Desde 2007 iniciou-se a carreira de árbitro, atualmente incluindo os grupos FCI 1, 6, 8, 10. Não posso deixar de destacar que esta página Web está disponível continuamente desde 2001. Espero que a página seja útil para as pessoas conhecerem melhor o Pequeno Lebrel Italiano.

Então os Italians são galgos? O que são galgos?

Sim, os Italian Greyhounds são galgos, cães originalmente desenvolvidos para a caça baseada na visão e velocidade. Entre as diversas raças de galgos encontramos cães de diversos tamanhos, desde gigantes (Borzoi, Irish Wolfhound, Scottish Deerhound) até cães de grande porte (Afghan Hound, Greyhound, Saluki), passando por uma raça de médio porte (Whippet) e finalmente os Italian Greyhounds são os menores representantes da família. Todos os galgos têm características únicas que os diferem das outras raças, como a baixa taxa de gordura em comparação com músculos, além do formato longilíneo.

Falando em galgos, existe alguma raça de galgo genuinamente brasileira?

A resposta pode parecer surpreendentemente para muitos, mas sim, há uma raça brasileira de galgos. Trata-se do Galgo da Campanha. Preciso agradecer ao Émerson Hippólyto de Queiróz que me chamou atenção para esta matéria que apareceu na revista Cães & Cia número 294, de novembro de 2003. Mais recentemente, na revista Cães & Cia 380, de janeiro de 2011, apareceu uma outra matéria sobre o Galgo da Campanha, inclusive com telefones e e-mails de criadores.

Algums gaúchos ao me verem caminhando com um galguinho já haviam comentado sobre a raça que chamam no interior do Rio Grande do Sul de "lebreros". Assim, mesmo antes de ficar sabendo do Galgo da Campanha, eu já acreditava que havia uma "raça" de galgos no interior do Rio Grande do Sul. Espero sinceramente que mais interessados apareçam e consigam fazer com que esta raça se desenvolva.

Voltando aos galguinhos, qual o nome correto da raça?

O nome da raça na Itália, considerado seu país de origem, é Piccolo Levriero Italiano. A tradução exata para o português é Pequeno Lebrel Italiano. Este é o nome usado no padrão oficial da CBKC - Confederação Brasileira de Cinofilia. No Brasil alguns criadores e proprietários usam este nome, ou apenas Lebrel e no plural Lebréis. Vale destacar que a grafia correta encontrada nos dicionários -- lebréu -- não é usada nem no Brasil nem em Portugal, incluindo órgãos oficiais, imprensa e criadores. Muitas pessoas no Brasil usam o nome em inglês, Italian Greyhound. Às vezes usamos também apenas a palavra Italian, o termo Greyhound Italiano ou ainda Galguinho Italiano, mas cada vez mais comum é chamá-los simplesmente de galguinhos.

Como você descreve os galguinhos?

Os galguinhos são cães extremamente afetuosos, de pequeno porte, com estrutura física aerodinâmica, que vêm sendo selecionados há milênios (literalmente!) para corrida e caça com visão. Além desta função básica de todos os galgos, os galguinhos sempre foram cães naturais de companhia, mesmo pelo porte pequeno, adequados para dentro de casa. Assim, a função de companhia também vem sendo selecionada desde a Grécia Antiga, passando pela Europa Medieval, até os dias de hoje. O resultado são cães muito ligados aos donos, sensíveis, que demandam bastante atenção, mas mantendo a independência característica de todos os galgos.

Na corrida qual a velocidade máxima que atingem?

Existem registros de que a velocidade máxima que um galguinho atinge é de 42 Km/hora, o que é impressionante, tendo em vista o tamanho de um galguinho.

Como você descreve o formato do Italian Greyhound?

Uma das principais características do Italian Greyhound é sua silhueta, o formato com curvas que formam um verdadeiro "S" em alguns cães. Os Galguinhos Italianos são cães de estrutura óssea bastante refinada. Deve-se tomar cuidado entretando com cães extremamente finos, que muitas vezes perdem inclusive as características de conformação desejadas em um cão que é de caça: posteriores fortes, boas angulações, movimentação leve mas "limpa", fluídica. No outro extremo encontramos Italians mais pesados, que podem chegar até a parecer grosseiros se comparados com os exemplares mais finos. Bom, o desafio do criador de Lebréis é justamente conseguir um ponto de equilíbrio: cães com excelente estrutura, mas que podem ser considerados refinados.

A raça tem grande variação de tamanho, certo?

Sim, o padrão oficial permite cães de 32 a 38 cm medidos na cernelha. Na realidade, é muito fácil encontrar cães com alguns centímetros a mais ou a menos. Considerando que é uma raça pequena, esta variação de tamanho é realmente muito expressiva. Encontramos Italians puros que são quase "a metade" de outros. Destacamos que esta grande variação está presente em linhagens de todo o mundo.

Cite algumas particularidades dos galguinhos.

Os galguinhos adoram dormir com seus donos. Eles eram usados na Idade Média para aquecer as camas no inverno europeu, e mantém até hoje o instinto, entrando "debaixo" do edredon e se grudando ao dono para esquentá-lo. A primeira vez que alguém vê o comportamento tem a impressão que o cãozinho vai sufocar, mas não se preocupe, eles vêm fazendo isso há séculos! Além disso eles têm temperatura quentinha, mais alta que a das outras raças. Por isso são ainda mais sensíveis ao frio.

Os galguinhos têm uma movimentação peculiar, com elevação do membro anterior. Apesar de que esta movimentação é parecida com o hackney, ela é diferente, pelo alcance definitivo que deve demonstrar.

Já que são cães de pelo curto, os cuidados de manutenção são simples?

Os galguinhos são cães muito limpos, que não têm cheiro e seu pouco pelo realmente demanda pouca manutenção.

Por outro lado, os dentes da maioria das linhagens de Pequeno Lebrel Italiano apresentam grande acúmulo de tártaro. Recomenda-se que os dentes sejam escovados pelo menos três vezes por semana em casa, e uma vez por ano deve ser feita a remoção de tártaro por veterinário.

Falando em veterinário, é importante destacar que, como todos os galgos, os Lebréis têm alta sensibilidade à anestesia. Já vimos casos de galguinhos que não resistiram após serem anestesiados. A única anestesia segura é a inalatória.

Além disso, as unhas crescem rapidamente, e devem ser aparadas semanalmente.

Como é o temperamento do Galguinho Italiano?

Como o próprio padrão diz, o Italian Greyhound tem temperamento reservado. Em geral, eles não são muito amigáveis com desconhecidos, mas são absolutamente fascinados pelos seus donos. É uma raça que demanda bastante atenção, assim não é indicada para quem fica fora de casa a maior parte do dia.

Apesar de que muitos são naturalmente reservados, pode-se notar um aumento dos cães com temperamentos mais expansivos, que decorre, na nossa opinião, da busca de exemplares mais desinibidos para exposições de conformação.

É preciso dizer que há exemplares na raça que são extremamente tímidos, e não gostam nem de sair de casa. Que se sentem muito desconfortáveis só de ver estranhos. Vários criadores recomendam que estes exemplares não sejam usados na reprodução.

De forma geral, os galguinhos são cães sensíveis, e toda abordagem deve ser feita com cuidado.

E o temperamento dos filhotes?

Os filhotes têm alto nível de energia, como em virtualmente todas as raças. Assim eles são extremamente brincalhões, não param quietos um minuto e vão buscar tudo o que tiverem ao alcance para roer e brincar. Fique de olho nos objetos que você não quer que sejam destruídos!

Este alto nível de energia se mantém em torno de 20% dos adultos, na nossa estimativa. O novo proprietário de um galguinho deve ficar alerta, pois pode ter sido "sorteado" para ter um destes super-energéticos companheiros! Recomenda-se que estes cães recebam um treinamento especial, e atividades tais como agility podem representar o canal ideal para a liberação do excesso de energia.

Falando em filhotes, quantos nascem em uma ninhada?

Posso arriscar que a média é de 3 filhotes, mas ninhadas de 1, 2, até 5, não são incomuns. O record mundial é de 12 filhotes em uma única ninhada.

É fácil ou difícil treinar um Italian Greyhound?

De modo geral pode-se dizer que treinar um galguinho é um desafio. Não espere a colaboração de um Pastor Alemão ou um Poodle. O treinamento deve ser feito com muita motivação, nunca use violência! Caso contrário, o cão vai criar barreiras difíceis de superar no aprendizado.

A chave para o treinamento é a persistência, com tantas repetições quantas necessárias, todas em sessões curtas com muita motivação e a dose de firmeza necessária para a imposição de limites. O treinamento positivo é muito adequado para os galguinhos.

Como faço para treinar um galguinho a fazer as necessidades no lugar certo?

Para treinar o galguinho a fazer as necessidades no lugar certo, basta seguir 2 regras (que chamo de R & R: Repetição & Restrição. A primeira regra é a repetição: sempre que o cão fizer as necessidades no lugar certo demonstre sua satisfação; se fizer no lugar errado, demonstre sua insatisfação (sem violência). Estas demonstrações devem ser no ato, passados alguns minutos o cão já não vai fazer a associação.

A outra regra é a da restrição: enquanto o galguinho ainda não foi completamente treinado, se ele ficar sozinho, ele deve ficar num local onde possa fazer as necessidades a vontade. Em outras palavras: antes de ter seu galguinho completamente treinado não deixe ele solto pela casa quando você não está de olho. Em particular: não deixe o galguinho sozinho onde você não quer que ele faça as necessidades. Caso contrário vai ser impossível fazer o galguinho compreender que deve deixar de fazer as necessidades naquele lugar onde (quando você não está presente) ele faz tranquilamente. No máximo o galguinho vai entender que é um lugar onde pode tranquilamente fazer as necessidades sempre que você não estiver presente.

Na edição 74 da revista Cães de Fato, descrevo o método com maiores detalhes, na coluna Perspectivas Cinófilas.

Como é a saúde dos Italians?

Acreditamos que é preciso ser bem claro neste ponto: o Pequeno Lebrel Italiano é saudável, mas é frágil. É realmente uma raça saudável, a maioria dos galguinhos passa dos 10 anos bem firmes, muito chegam até os 12, há casos de 15 ou mais anos. Entretanto é impossível negar que é uma raça frágil. Basta examinar os ossos das patas dianteiras de qualquer exemplar típico. Os ossos são muito finos e longos e, em comparação com outras raças, a incidência de fraturas pode ser considerada elevada. Fraturas acontecem mesmo para quem toma todas as precauções. Galguinhos são muito ativos e muito ágeis, e estas características não combinam com sua fragilidade. Eles são escaladores, são muitos os casos reportados de galguinhos que se fraturaram escalando grades e cercas do tipo x-pen. Conhecemos casos de galguinhos que se fraturaram ao pular de um sofá e cairem de mau jeito em um piso liso. Fortalecer a musculatura dos galguinhos e selecionar cães de linhagens de ossos fortes são dois caminhos caminhos extremamente importantes, mas mesmo assim acidentes acontecem, como estes reportados acima. Uma fratura implica em procedimento bastante caro (muitas vezes cirurgia para colocação de pino ou placa, dependendo da gravidade), sem falar do desgaste de ter um cão sofrendo durante semanas/meses até a recuperação. Alerta: não há qualquer exagero no que está sendo dito aqui.

Desta forma, não recomendamos os galguinhos para pessoas com crianças pequenas ou muito ativas em casa. Para quem procura um cão de pelo curto, um Terrier Brasileiro, um Beagle ou um Labrador pode ser mais adequado nestes casos. Não recomendamos também galguinhos para pessoas que têm outros cães grandes em casa. Já ouvimos casos de fraturas ocorridas quando um cão "energético" brincava com um galguinho.

Além dos ossos finos e longos, os Galguinhos têm uma aptidão enorme para a corrida e para o salto. É impressionante, mas alguns saltam 1 metro e meio sem qualquer impulso: estão parados e, de repente, estão voando. Esta característica, aliada a um temperamento às vezes assustadiço, pode levar a acidentes; assim todo proprietário deve ter máximo cuidado com janelas altas e varandas. Pular é uma grande tentação, portanto varandas e janelas representam grande perigo para os galguinhos. Todas as janelas e varandas de andar alto devem ser teladas, ou abertas com cuidado para o galguinho não se atirar.

É importante compreender este aspecto dos Italians. Todo proprietário deve localizar um excelente veterinário ortopedista na sua região, para estar preparado caso haja um problema. Atenção: a fratura em muitos casos demanda cirurgia e nem todo veterinário conhece o procedimento correto.

Quando e onde surgiram os galguinhos?

A maioria dos autores considera que os galguinhos começaram a ser desenvolvidos há cerca de 3 mil anos na região da atual Grécia e Turquia. Entretanto há também registros de esqueletos de pequenos galgos, similares aos dos galguinhos, encontrados no Egito há mais de 5 mil anos. Foi naquela região do oriente próximo que surgiram e foram selecionados os primeiros galgos. Estes cães eram de absoluta utilidade na época, auxiliando as pessoas conseguirem alimento. Mais tarde as diversas raças de galgos (como o Galgo Espanhol e o Greyhound) foram se estabelecendo e se diferenciando umas das outras. Tudo indica que desde aquele período exemplares menores foram sendo selecionados. Há milênios já haviam pequenos galgos muito semelhantes aos galguinhos de hoje. Muito provavelmente a função de companhia já começou a ser selecinada desde aquela época, em paralelo com sua função de caçador. Vale destacar aqui que o Whippet, apesar de sua aparência tão similar e de ser parente do Greyhound e do Pequeno Lebrel Italiano, teve uma evolução diferente, tendo sido desenvolvido na Inglaterra no século XIX.

Voltando aos galguinhos, na Itália da Idade Média eles eram muito populares entre os nobres, aparecendo inclusive em várias obras de arte da época, com destaque para tapeçarias e pinturas.

Com o início da sistematização da criação de cães de raça pura, na segunda metade do século XIX, o país de origem dos galguinhos foi considerado a Itália. Durante as guerras mundiais a raça sofreu bastante na Europa, mas alguns criadores conseguiram manter um plantel básico, sobre o qual se fundamenta grande parte da criação moderna daquele continente.

Nos EUA os galguinhos chegaram no início do século XX. Hoje lá se situa uma criação numerosa da raça, com mais de 2000 registros por ano. Na nossa opinião é uma criação que sem sombra de dúvida atingiu um nível de qualidade muito elevado. Muitas informações podem ser encontradas no site do Italian Greyhound Club of America.

Na Itália, surpreendentemente, não existem muitos criadores. O site do Circolo del Piccolo Levriero Italiano, que é o clube italiano da raça tem informações interessantes, inclusive links para os menos de dez criadores ativos no país.

Destacamos que diversos criadores fascinados pela raça têm feito um belo trabalho nos 5 continentes.

Quando é que os primeiros galguinhos chegaram ao Brasil?

O registro mais antigo que temos de Italian Greyhounds no nosso país é dos anos 1950. O Dr. Roberto Marinho, fundador da Rede Globo de televisão criava galguinhos no seu Canil da Toscana, tendo importado cães de alguns dos mais importantes criadores da época. Merece destaque o macho criado na Itália pela Marquesa Maria Luisa Incontri, Ch. Cadi Del Calcione (Chery v. Gastuna X Alkmene Del Calcione) e a fêmea Fein Springinsfeld (Knirpes v. Heinbrand X Pedra Springinsfeld). Vários canis importantes da Europa começaram suas criações justamente com Calcione e Springinsfeld -- incluindo Sausewind, Sobers e Manoir des Ombreuses. Outro criador do período foi Raymundo de Castro Maia, que tinha um cão de outra das melhores linhagens da época: Karin Di San Siro (Karl v. Baryerischen Meer X Daisy Schonen Aussicht). (Agradecemos ao juiz Paulo Roberto Godinho a gentileza de nos enviar cópias dos documentos históricos com estas informações.)

Em seguida damos um salto de 30 anos para o começo dos anos 1980, quando o já falecido criador e médico Dr. Marcelo Andrade Neves, do Canil Van Mark, de Belo Horizonte, importou simultaneamente vários cães dos E.U.A. Segundo o nosso levantamento foram 9 cães, mas outras fontes citam outros números. Esta importação foi realizada com a assistência do grande handler brasileiro Flávio Werneck. Estes são os primeiros galguinhos dos quais conseguimos rastrear decendentes hoje no Brasil. As importações do Dr. Marcelo estão listadas abaixo. Os títulos obtidos no Brasil não estão completos. Estes cães são definitivamente das melhores linhagens disponíveis nos E.U.A. na época, e foram eles que me cativaram para a raça.

  1. Donnell's Carwind (F) (Am. Ch. Wavecrest Donatello X Am. Ch. Dasa's Elementary D'Donnel)

  2. Ch. Dewitt's Isle of Bimini (F) (Am. Ch. Giovanni's Pistacchio X Am. Ch. Capri of Donnel's Seven)

  3. Am. Ch. Wilwyn's Silver Slipper (F) (Am. Ch. Pikop's Little Winemaker Me X Am. Ch. Wilwyn's Pollyanna)

  4. Am. Can. Berm. Ch. Wilwyn's Tina (F) (Am. Ch. Cleden's Gold Coin x Am. Ch. Wilwyn's Graffiti)

  5. Tudor's Golden Glamour (F) (Am. Ch. Northbrook Swingin Satino X Ch. Tudor's Diamond Ice)

  6. Ch. Paiga's The Jimini (M) (Paiga's Hobbit X Am. Ch. Jachelam's June Pride)

  7. Mike Mar's Royal Blue (F) (Mydra Magic of Mike Mar X Am. Ch. Willwin's Silver Slipper)

  8. Mike Mar's Hi Stepper (M) (Am. Ch. Mike Mar's Monday Blues X Mike Mar's Royal Blue)

  9. Ch. Mike Mar's Sky Rocket (M) (Am. Ch. Mike Mar's Monday Blues X Mike Mar's Royal Blue)

Logo em seguida uma personalidade do Rio Grande do Sul, o jornalista Paulo Gasparotto, de Porto Alegre, também realizou importações de galguinhos dos E.U.A., além de ter obtido cães Dr. Marcelo (inclusive o cão Ch. Mike Mar's Sky Rocket, listado acima). Paulo Gasparotto é um importante jornalista gaúcho, já tendo inclusive apresentado programas de TV. Além dos galguinhos, Paulo é também grande conhecedor de arte, e tem talvez a coleção mais completa da América do Sul de objetos de arte relacionados à raça. Anos mais tarde Gasparotto trouxe para o Brasil (em ocasiões diversas) duas fêmeas Tekoneva de linhagem Necku. Mais recentemente e para nosso orgulho, Paulo adquiriu a fêmea de nossa criação Hanya do BR Reino, irmã da PePa, filha do PePe e Dora.

Deve ser destacado aqui também o Canil Petit Bandit, da criadora Eliet Petit, de Porto Alegre, que obteve seus cães inicialmente do Canil Coronilha. Este canil teve representantes importantes nas exposições nos anos 1990 e também na virada do século, inclusive com galguinhos #1 do Brasil no Ranking CBKC de 2000 e 2004 (pontos de grupo). Ainda nos anos 90, outra referência em galguinhos no Brasil era a D. Helena Coragem, do Canil Baktaran, de Brasília. Ela formou formou seu plantel com cães brasileiros e uma importação de Portugal, o cão Gallahad's Al Pacino.

Nos anos 1980, também merece destaque uma galguinha importada da Argentina, do Canil Newcastle: Ch. Gr. Ch. Ch. Int. Kilt Kuka of NewCastle (Ch. Int. Wipo Carolino X Ch. Ur. Gr. Ch. Arg. Ch. Int. Lola Sans Souci), que competiu em muitas exposições no Brasil, sendo de propriedade de uma senhora do Rio de Janeiro (se alguém souber o nome desta senhora por favor nos envie um e-mail, ainda não consegui achar!) Não foi possível identificar descendentes desta cadelinha, o que não significa que não existam.

Ainda no começo dos anos 1980, houve uma outra signficativa importação: Cláudio Gornati trouxe 5 galguinhos da França para o seu canil, na época chamado Whipojuca (sim, ele também criava Whippets). Em agosto de 1982 na exposição do Kennel Clube Paulista eu tive o prazer de ver dois destes cães: a fêmea Samba des Pitchun Diables (Sober's Liviro X Polka des Pitchun Diables) e o macho Sirius des Pitchun Diables (Sober's Glorius X Nolane des Pitchun Diables). Apesar de ter interrompido a criação ainda nos anos 80, 25 anos depois Cláudio voltou a criar galguinhos, junto com Rochester Oliveira, no Canil Salatino. Nestes vários anos Cláudio e Rochester fizeram várias importações, tanto da Europa como dos Estados Unidos, incluindo cães do mesmo canil de onde tinha obtido cães no início dos anos 1980, Pitchun Diables (França).

E como seguiu a evolução da raça no país?

É possível dizer que a base da linhagem brasileira de Italian Greyhounds se firma sobre cães Van Mark & Coronilha. Eles aparecem como ancentrais em porcentagem significativa dos pedigrees de cães do nosso país. Podemos dizer o mesmo do nosso Baldo. Uma galguinha de linhagem brasileira por muitas gerações é a nossa BiBi - Ch. J. Gr. Ch. Br./Pan. Ch. Int. Jarzebina do BR Reino, Multi BIS Placer. É possível dizer que é uma galguinha que carrega grande parte da história da raça neste país em seu pedigree.

BiBi é bisneta do belo cão Ch. Gr. Ch. Crown Jewell's Armani, de propriedade do notável arquiteto Carlos Fortes, de São Paulo. Armani foi Italian Greyhound #1 do Brasil no Ranking CBKC de 2003. A criadora proprietária deste canil, Maria Eugênia Cerqueira (então Sahagoff), trouxe três cães dos E.U.A. para o Brasil, um macho e duas fêmeas, de linhagem Marchwind. Um dos machos era o cão classificado em grupo nos E.U.A., Am. Ch. Johma Denver of Marchwind. Alguns criadores brasileiros (inclusive nós mesmos) ainda mantêm esta linha de sangue.

A linhagem do Canil Van Mark não se perdeu por pouco. Na virada do século uma galguinha Van Mark já com 8 anos na época (Erika de Van Mark) foi localizada pela criadora Kátia Costa do Canil Sumainana, do Rio de Janeiro, que conseguiu registrar uma filha da galguinha no seu próprio canil: Sumainana Cleopatra (Cleo). O Canil Van Mark já estava desativado, e a cadela já tinha 8 anos, assim foi um acontecimento significativo que "o último" dos exemplares não se perdesse. Cleo foi acasalada 2 vezes (anos 2001 e 2002) com o nosso Baldo e hoje vários criadores possuem cães descendentes daqueles filhotes. O canil Sumainana recebeu também alguns cães descendentes de um casal de galguinhos holandeses que foram importados para o Rio de Janeiro no começo dos anos 2000: My Ceasar's Own Gino e Fiefoerniek's Foreign Affair.

Logo que o Baldo chegou ao Brasil, fomos contactados pela Kátia Costa, que viu nosso anúncio no anuário da revista Cães de Fato de 2001. Baldo cruzou duas vezes com a Sumainana Cleopatra (Cleo), e o pagamento de cobertura do primeiro cruzamento, ainda em 2001, foi a fêmea Sumainana Grey Hebe (Gala), adquirida pelos amigos Dinorah Messenberg e Antônio Carlos Sampaio, de São Paulo, capital. Dinorah se encantou pela raça e pelo mundo das exposições, e criou três gerações de campeões, a partir da Gala. Sua filha Ch. Ara do Durindana fechou todos os títulos e ganhou grupo no KCSP, treinada e apresentada pela própria Dinorah. Ara cruzou com Armani (mencionado acima, Ch. Crown Jewell's Armani) e desta ninhada foi selecionada a Ola, que ficou em co-propriedade conosco durante 1 ano (meados de 2010 a meados de 2011). Neste período treinamos, apresentamos a Ola em exposições, ela fechou o campeonato brasileiro e jovem com múltiplas classificações em BIS-Jovem, e também pulou um muro de 1,20m quebrando a pata ao aterrisar do outro lado. Uma experiência bastante traumática. Mas ela se recuperou e foi cruzada com o Tavi, produzindo então nossa JuJu, mãe da nossa BiBi.

Outro belo cão que também tem uma boa parte da história da raça no Brasil em seu pedigree, neto do nosso Baldo, é o Multi-Ch. Sumainana Miró, Italian Greyhound #1 do Brasil no ranking CBKC de 2008. De propriedade do Canil Apoama, Miró já demonstrou sua qualidade como reprodutor, sendo pai de diversos campeões com muitas qualidades. Seus filhos BIS Multi-Ch. Apoama Bibica (filha de Ch. Autumn Breeze do Castelo de Alfaia, Portugal), Multi-Ch. Apoama Lolozinho (filho de Ch. Newcastle Pilar, Argentina), foram IG's #1 do Brasil de 2011 e 2010 respectivamente, e a Multi BIS-Jr. Apoama Amendoa, filha de Ch. Autumn Breeze do Castelo de Alfaia, Portugal) foi #1 em 2012. Na geração seguinte, destacou-se Ch. Apoama Alex, filho de Lolozinho e a colombiana De La Casa de Borromeo Nefertary. Foi exportado para a Colômbia o cão Apoama Baru, pai do Multi-Ch. De La Casa Borromeo Fabinho, exportado para a Rússia, onde tem uma carreira de sucesso nas pistas e reprodução.

Durante alguns anos os amigos Dirk Vogt-Lahr and Alessandro Lahr moraram no Brasil com o belo Lino, Ch. Alemão e Brasileiro Ch. Gr. Ch. Ch. Pan. Gr. Ch. Pan. Ch. Int. Harlekin El Akash. Lino teve resultados expressivos nas pistas brasileiras e acasalou com duas galguinhas do Reino, sendo pai da nossa Dora, que teve a grande honra de ser o primeiro Italian Greyhound vencedor de BIS (adulto, todas as raças) no Brasil (em julho/2010), por sua vez mãe da Am. Ch. PePa, o primeiro Italian Greyhound nascido no Brasil a fechar campeonato nos EUA (em 2012). PePa produziu 3 filhos vencedores em três continentes: Bidu nos EUA,Graf na Russia, e Peter no Brazil.

E a história mais recente da raça?

Nos anos 2010 diversas novidades no mundo dos galguinhos. Vou começar pelo meu amigo Cleber Delázari, Maison D'Etoiles IG's. Além de ser proprietário e ter feito uma belíssima campanha com a nossa RBIS/BJIS Ch. Cecylia do BR Reino (SiSi), Cleber tem diversos outros cães importantes, seguindo a linha iniciada pelo Canil Silkrock. Tradicional criador de Whippets, o Canil Silrock que também teve um belíssimo casal de Greyhounds vindos da Escandinávia, trouxe para o Brasil 4 galguinhos no início dos anos 2010: Ch. Bo Bett Silkrock Oliver (EUA), Ch. Strippoker Snow White (Holanda), Da Vinci's GV Lulu White e Da Vinci's GV Calamity Jane (Colômbia). Estão no Maison D'Etoiles hoje descendentes destes cães: Ch. Silkrock Drummond Hills Bessie, Ch. Silkrock Archie e o belíssimo Ch. Silkrock Drummond Hill's Bailey.

Sabino Vianna (Snug Buffs IG's, Rio de Janeiro) nos deu muito orgulho de ter selecionado a super Ch. Oliwja do BR Reino (Oliwja) como fundadora. Oliwja é filha do cão mencionado acima, Ch. Bo Bett Silkrock Oliver, com a nossa JuJu. Outros galguinhos de Sabino incluem a Ch. Salatino Rosana Morgantini, e o macho Made In Italy Di Lupavaro, importado da Itália. A nova geração Snug Buffs está começando sua carreira nas pistas com muito sucesso, destacamos a Ch. F./J. Snug Buff Diana Prince, filha da Oliwja com Ch. Davinci's Angelo Mio, com múltiplas classificações em BIS Filhote.

Também no Rio de Janeiro estão os amigos e colegas árbitros Roberta Direnna e Patrício Peruzzo (Rio de Janeiro - Direnna's IGs). Patrício e Roberta fizeram diversas importações, tanto da Europa como da Colômbia (De La Casa Borromeo IGs). O belo cão Ch. De La Casa Borromeo El Bandido foi IG #1 no Ranking Dog Show da raça de 2014. Outros cães e a própria criação Direnna tem feito grande sucesso nas pistas e rankings. Vou destacar a bela J. Ch. Direnna's Reina Isabelle, primeiro galguinho italiano a ganhar 1o de grupo sob julgamento deste que vos escreve.

Entre as diversas novidades no mundo dos galguinhos no Brasil, Gabriel Valdez (Da Vinci IGs), árbitro de todas as raças e handler profissional de sucesso internacional, está estabelecido no país, no estado de São Paulo. Antes Gabriel já havia morado no Brasil por períodos curtos. Diversos criadores tem cães Da Vinci, incluindo Therezinha Silva Mello (Our Angel Eyes IGs, no Rio de Janeiro), Flávia Mouco (Pandora's Box IGs, São Paulo) e Cláudio Henrique (Fortaleza, CE), que também tem cães Direnna. Com múltiplos Best In Show, os cães apresentados por Gabriel Valdez tem tido muito sucesso nas pistas e nos rankings.

Outros amigos que preciso mencionar são Tiago e Ana Paula Ruzinski, do Canil Von Nordsonne, de Brusque, Santa Catarina, que tem uma parceria com o Lailton Rocha, de Curitiba. Lailton começou com uma fêmea de linhagem profundamente brasileira, inclusive neta do nosso Baldo, a Gigi Maykleiton. Ela foi acasalada com o nosso Tavi e foram estes os primeiros galguinhos da Ana e Tiago: Galgos Tapajós Zorro do BR Reino e Galgos Tapajós Perla do BR Reino (a ninhada foi registrada no nosso canil). Os galguinhos seguintes da Ana e Thiago (Amandicta Biasotto Exóticos e Sumainana Grigio) também tinham lá atrás nossa linha de sangue, em particular o Baldo e o Cori (Coriolanus do Reino, Baldo X NiNi). Na sequência, vieram diversos outros cães de outras linhas de sangue, incluindo o belo Ch. Direnna's Quick Star, De La Casa Borromeo El Guernica, De La Casa Borromeo Leah, Direnna's Luah, entre outros.

Outros entusiastas com a raça tem surgido, vários estão expondo seus galguinhos. Também já é possível perceber aqueles com foco mais comercial, com fortes campanhas permanentes de venda de filhotes. O número de registros de galguinhos no Brasil tem crescido com força. Por exemplo, de 2005 a 2008 o número dobrou: de 47 em 2005 para cerca de 100 em 2008. Naqueles anos os números são aproximadamente metade dos registros na Itália (117 em 2005, 204 em 2008). Em 2010 foram registrados 116 galguinhos no Brasil, com um salto para 146 em 2011 e 184 em 2014. Os dados mais recentes são de 2017, 276 galguinhos nasceram no Brasil. Confesso que estes números causam certa preocupação, pois acreditamos que os galguinhos, pelas suas características físicas, não podem se transformar em uma raça "popular", especialmente devido ao risco concreto de fraturas. Além disso é sempre importante lembrar que a raça não permite criação em grande escala, muito menos em canil externo.

Observação: esta pode ser considera apenas uma pincelada na história da raça no país. O objetivo não é fazer uma análise exaustiva de todos os criadores. Estamos continuamente atualizando esta visão parcial da trajetória dos galguinhos no Brasil.

Quais são as cores do galguinhos?

As cores dos galguinhos são realmente fascinantes, e não é fácil descrevê-las! Talvez a cor mais típica da raça seja a cinza (azul), que existe em várias tonalidades desde o cinza bem claro até o ardósia ou cinza-chumbo. Deve-se destacar que o focinho (trufa) destes cães deve ser bem pigmentado, preto ou cinza escuro, e não de uma cor clara diluída. A segunda cor é isabela, que também vai de um tom claríssimo, até cães quase marrons, passando por muitas tonalidades intermediárias, puxando para o creme, o camurça, avermelhado e o dourado. A cor mais popular hoje nos E.U.A. é o vermelho, que tem diversas tonalidades, que vão desde dourado, passando por castor até um mogno bem escuro. Vale destacar que na Itália, e em toda a Europa, todos os tons do creme claro ao camurça escuro, inclusive dourado, vermelho e outros similares são chamados de isabela. Existem cães que misturam cinza e isabela: se o cão é cinza com pelos isabela, não há denominação especial; mas, se o cão é isabela com forte sombreado cinza cria-se um resultado bastante peculiar, e a cor é chamada blue-fawn que no Brasil temos traduzido como isabela-acinzentado. A seguir temos o preto, que muitas vezes tem alguns poucos pelos vermelhos ou isabela. Se há grande quantidade de pelos vermelhos/isabela espalhados por todo o corpo, cria-se um efeito bem particular, e a cor é chamada seal, ou café. Não se trata de cão chocolate, pois o focinho é preto, e não chocolate. Por fim, um cão isabela ou vermelho pode ter pelos pretos misturados na pelagem. Se a quantidade de pelos é grande, então o resultado é a cor sable, que existe também em vários tons. Arrisco que a cor mais difícil de encontrar nos galguinhos é o sable de isabela, só vi um único exemplar em todos estes anos. Em algumas linhagens os cães ficam "grisalhos" muito cedo, em certos casos a partir de 12 meses já começam a surgir pelos brancos na cabeça; não confundir com as marcações brancas descritas a seguir. Apesar do padrão da FCI permitir o branco apenas no peito e nas patas (extremidades), existem galguinhos brancos sólidos, e três tipos de malhados de todas as cores acima: pied, com predominância de branco, Irish com colar e botas brancas, e wild-Irish, que é o Irish com malhas brancas pelo corpo.

De onde surgiu a restrição da FCI sobre as marcações brancas?

É importante deixar claro que a grande maioria dos galguinhos de todo o mundo tem mais branco do que o permitido no padrão da FCI. É importante destacar que dois países membros da FCI, Japão e África do Sul, optaram por permitir que seus criadores exponham galguinhos malhados e com marcações brancas. O Japão é o país que registra o maior número de galguinhos no mundo, com cerca de 3000 registros anuais. Na própria Itália há criadores (entre os cerca de 9 que produzem ninhadas regularmente) que advogam que o padrão seja modificado para permitir mais branco do que atualmente: peito e patas. Os padrões adotados nos E.U.A. e Canadá, Austrália e Nova Zelândia, além do Japão e África do Sul citados acima, e principalmente Reino Unido onde a raça é criada continuamente pelo menos desde o século XIX, todos permitem cães com marcações brancas. Estes países concentram não apenas quantidade, mas também qualidade em termos da conformação dos galguinhos que criam.

Não é dificíl concordar com os criadores de todo o mundo que advogam que devem ser permitidos galguinhos malhados e com marcações brancas. Repito: a maioria esmagadora de galguinhos de todo o mundo tem mais branco do que atualmente permitido no padrão italiano/FCI. De onde será que surgiram estes galguinhos? A resposta é sempre existiram! Desde a mais remota antiguidade os galguinhos tiveram branco e muitos deles eram malhados ou tinham marcações brancas. Diversas obras primas do Renascimento mostram galguinhos malhados, esta foi uma época em que se tornaram muito populares na Europa. Veja por exemplo o quadro abaixo:

Esta é uma obra do ano 1757, século XVIII (não é um Whippet, nesta época os Whippets ainda não haviam sido criados) do pintor Marcelli Bacciarelli, que mostra um galguinho vermelho com branco.

A obra abaixo é outro exemplo, também do século XVIII portanto antes do desenvolvimento dos Whippets, intitulada "The Marlborough Family", de autoria de Sir Joshua Reynolds (1723-1792):

Estes são apenas dois de muitos, muitos documentos pictográficos que documentam o fato de que antes da segunda metade do século XX nunca houve restrição aos galguinhos malhados.

Então, de onde surgiu esta restrição? Por que o padrão hoje pede que não tenha branco se durante milênios (literalmente!) eles sempre tiveram branco e sempre foram malhados? A reposta é bastante curiosa. No final da 2a Guerra Mundial, a criação de cães de raça pura estava destroçada na Europa como um todo, em particular na Itália. Basicamente restou uma (é isso mesmo: UMA) criadora em todo o páis: a Marquesa Maria Luisa Incontri, do famosíssimo Canil Del Calcione. Quando a FCI começou a se recuperar dos escombros, procurou a Marquesa para elaborar o padrão. A Marquesa reescreveu o padrão e colocou como restrição que todos os galguinhos do mundo fossem sólidos. Como diversas obras de arte antigas mostram galguinhos malhados é difícil acreditar que a decisão da Marquesa se deveu a desconhecimento desta variedade de cor na raça. Sabe-se que ela afirmava que os galguinhos malhados de tais quadros antigos eram na verdade da cor isabela, e as malhas eram indicações de reflexo de luz. Por outro lado, sabe-se que todos os seus cães eram absolutamente sólidos.

A situação hoje é bastante complexa: algumas dezenas de criadores na Europa continental têm selecionado de acordo com os critérios da Marquesa há cerca de 60 anos. Não se pode simplesmente dizer a eles que estava tudo errado e que agora é possível ter galguinhos brancos. Eles trabalharam durante décadas para eliminar o branco -- que inclusive sempre resurge em suas criações. Mas repito, são poucas dezenas de criadores, um número bastante reduzido comparado ao número de criadores no mundo que utilizam cães malhados.

Nas nossas conversas com criadores de galguinhos de vários países surgiu o que nos parece ser a única solução para este dilema: aprovar uma variedade malhada de galguinhos, da mesma forma que existem Poodles com variedades de cores diferentes no padrão FCI, e Bull Terriers e Cockers Americanos com variedades de cores diferentes no padrão AKC.

Consideramos uma grande felicidade que os belíssimos galguinhos malhados foram preservados. Isso se deveu em primeiro lugar porque o Kennel Club da Inglaterra (Reino Unido) nunca incorporou a mudança da Marquesa em seu padrão. É fácil entender o por quê: os galguinhos são continuamente criados no Reino Unido pelo menos desde o século XIX, quando começou a sistematizão da criação de cães de raça pura. Mesma época em que começaram a ser criados nos E.U.A. Quer dizer: não é difícil concluir que, quando só restava o Canil Del Calcione na Itália, a raça estava bem mais preservada na Inglaterra e E.U.A.. Em síntese, os países que permitem galguinhos com marcações brancas são: Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Japão (FCI) e África do Sul (FCI).

De onde vem o nome "Canil do Reino"?

Há muitos e muitos anos, conheci uma fazenda no interior de Minas Gerais, que se chamava "O Condado". Esta fazenda me impressionou profundamente, e depois ganhou cores ainda mais fortes no meu imaginário. Anos mais tarde, em agosto de 2000 tentei registrar o "Canil do Condado", inclusive daí veio o nome de pedigree do Baldo, gentilmente anexado como sufixo pela sua criadora Lilian Barber. Entretanto a FCI rejeitou este nome, que já estava em uso, e ficamos imaginando qual outro poderia ser usado para substituir um planejamento de décadas.

Um dia, nosso amigo Martin Musicante, que é argentino mas morou muitos anos em Pernambuco, comentou sobre um bar muito tradicional do Recife antigo, o Bar do 28, que só servia whisky escocês e sanduiche de queijo DO REINO. Quando ouvi a referência ao famoso queijo, não tive dúvidas quanto à escolha do nome do canil. O nome foi então confirmado pela FCI em 2001, para nossa surpresa e alegria. Em 2005 tivemos de forma compulsória o acréscimo do "BR", de forma que nossos cães são registrados "BR Reino".

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